Rap Nacional: Primeiramente gostaríamos de saber como surgiu a idéia do segundo disco?
Inquérito: Desde que acabamos o primeiro disco a gente já sabia que faríamos um segundo, não sabíamos como, quando, onde, com quem, mas tínhamos certeza! Inclusive sobraram músicas que não entraram no primeiro cd e acabaram ficando pra esse, como é o caso de 8 MESES. E assim foi, ficamos sem gravadora, enfrentamos dificuldades, tivemos que fazer tudo sozinho e lançar, mesmo assim fizemos a parada acontecer.
Inquérito: Desde que acabamos o primeiro disco a gente já sabia que faríamos um segundo, não sabíamos como, quando, onde, com quem, mas tínhamos certeza! Inclusive sobraram músicas que não entraram no primeiro cd e acabaram ficando pra esse, como é o caso de 8 MESES. E assim foi, ficamos sem gravadora, enfrentamos dificuldades, tivemos que fazer tudo sozinho e lançar, mesmo assim fizemos a parada acontecer.
R.N.:UM SEGUNDO É POUCO, porque esse nome, qual o real significado?
Inquérito: A idéia do nome veio simplesmente da necessidade do disco ter um nome pra começar, pensamos que teria que ser um nome que representasse uma direção pra gente seguir, tipo uma bússola, aí fiquei pensando uns dias e cheguei nesse nome, “batizamos a criança” e começamos. O nome chamava pra fazer um disco que deixasse gosto de quero mais, um disco pra mostrar o quanto somos capazes e o quanto ainda podemos ir longe, o quanto Um Segundo é Pouco… Aí viajamos também no fato do segundo lugar que ninguém quer ocupar, o lance de segundo no relógio mesmo, que o tempo passa rápido e temos que agir enquanto é tempo. Talvez só no terceiro disco todos entenderão porque um segundo era pouco pro Inquérito…
R.N.: O que mudou do primeiro disco pra esse?
Inquérito: Muita coisa, o disco é todo sampleado, mas junto com os samplers tocamos vários instrumentos, tem trompete, trombone, clarineta, violão, flauta, guitarra, baixo, piano, enriqueceu a parada. Os sons são variados e os temas das letras também, falamos de futebol (É GOL!), de crime (U CRIME NÃO É PROS MANO), de preconceito e luta (ROSA DO MORRO), de fé, esperança (VAMO VIVER, ALGUM DIA), de desigualdade social (BUMERANGUE) e por aí vai… Esse disco mostrou bem a cara do Inquérito, a VERSATILIDADE, porque se tem uma mina no grupo que toca violão e piano, um mano que sabe várias técnicas vocais, manja tudo de canto, outro que é poeta, não podemos esconder isso, temos que mostrar, e mostraremos bem mais daqui pra frente.
R.N.: Vocês lançaram o disco de maneira independente, com o apoio de uma lei de incentivo a cultura, como foi isso?
Inquérito: O disco já havia começado a ser feito, mas estava tudo muito devagar por conta da falta de verba, da ausência de uma gravadora e tal, então eu (Renan) escrevi um projeto em um edital que selecionava diversos projetos, entre discos, espetáculos, oficinas, etc. O resultado saiu e fomos contemplados com uma verba que ajudou a alavancar a produção e a finalização do disco, assim terminamos, mandamos pra fábrica e estamos distribuindo com ajuda da Porte Ilegal. Cansei de ficar pedindo, fui lá e fiz, o disco ta aí e é prova disso!
R.N.: Em 2006 com o disco de estréia Mais Loco que u Barato! Vocês ganharam diversos prêmios, inclusive o HUTUZ de melhor música, com Dia dos Pais. Esse ano o disco novo está sendo indicado em 4 categorias. Como é para vocês ser indicado pela segunda vez no maior prêmio de hip hop da América latina?
Inquérito: Sem dúvidas é muito gratificante pra gente, só de saber que o disco acabou de sair, nem tocou na rádio e já está na lista dos 5 melhores do Brasil no ano de 2008 é a certeza de que fizemos as apostas certas, mudamos, ousamos e corremos riscos, mas graças a Deus o público tem assimilado bem a nossa proposta. Mas ninguém está iludido com nada, existem outras formas de reconhecimento e eu digo isso na letra da música título do disco “O maior prêmio que eu ganhei não coube na estante, um gesto tão pequeno e ao mesmo tempo tão grande, um pivete chegou e falou: Tiu o som que eu gosto mais, é aquele que cê fala do pai”. �
Quando o prêmio terminar o rap vai ter que continuar, os holofotes se apagarão, mas continuaremos trabalhando nem que seja no escuro, nosso som não vai parar, é dele que somos feitos, quem vive de nome é cartório .
R.N.: Você (Renan Inquérito) escreveu duas poesias pra um livro chamado SUBURBANO CONVICTO – PELAS PERIFERIAS DO BRASIL, organizado pelo Alessandro Buzo em 2007, qual a relação de vocês com a chamada “ Literatura Marginal”?
Inquérito: Bom, temos uma boa relação com esses escritores, admiramos todos, alguns temos um contato mais próximo mesmo, como Toni-C, Alessandro Buzo e Sérgio Vaz (Cooperifa) que inclusive participou do disco na faixa “Já disse o Poeta”, eles são além de fonte de inspiração grandes amigos. O Inquérito quer encurtar a distância entre esses mundos, queremos trazer a literatura pro Rap e também levar o Rap pra literatura, sempre terá isso nos nossos discos. Por isso eu digo, ouçam os discos, mas não deixem de ler esses livros… Prestigiem os escritores da periferia!
R.N.: Quais os objetivos do Inquérito, planos pro futuro, pode nos adiantar alguma coisa?
Inquérito: Atualmente queremos divulgar o disco UM SEGUNDO É POUCO pro Brasil todo, fazer ele chegar em lugares que não conhecemos, fazer ele nos levar nesses lugares também, mostrar nossa cara. Queremos mostrar que somos diferentes e que isso não é ruim, não divide nada, pelo contrário só soma! O Rap precisa de riqueza, musical, literal, comportamental, visual, se não toda vez que surgir um novo ritmo de verão (Lambada, Funk, Axé) o Rap vai ficar em segundo plano, não queremos ser um estilo de música secundário, temos maiores ambições, UM SEGUNDO É POUCO pro Inquérito, e pro Rap também. Em 2008 os fãs podem esperar um vídeo clipe, disco solo do POP BLACK, participações, e músicas novas também! É isso aí, INQUÉRITO FUTEBOL CLUBE!
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