Manda tocar a zabumba de Ganga Zumba, o Z’África Brasil está de volta! Um dos mais importantes e representativos nomes do rap nacional, cujo currículo inclui quatro turnês internacionais, eles chegam-chegando nesse “Tem Cor Age”. Verdadeira carta-sonora acerca do Estado das Coisas na periferia da maior metrópole do Terceiro Mundo nesses primeiros anos 2000 (o futuro que não chegou!), o disco é, pra começo de conversa, um largo passo em relação ao álbum de estréia, “Antigamente Quilombos, Hoje Periferia”. Seguindo a filosofia de que “é preciso mudar pra que tudo continue igual”, a banca oriunda da Zona Sul de São Paulo, formada pelos microfones de Funk Buia, Gaspar e Pitchô, mais DJ Tano (tri-campeão do Hip-Hop DJ, verdadeiro “Quem É Quem” dos toca-discos por aqui) não só mantém a essência intacta, como a amplia ao apostar, nesse que é seu segundo álbum, na valorização da musicalidade. Nem é de se estranhar portanto, as participações de instrumentistas carimbados como Fernando Catatau e Rian Batista (Cidadão Instigado), Theo Werneck, Dengue e Toca Ogan (Nação Zumbi), Simone Soul, ou cantores de renome como Céu e Zeca Baleiro. Além de Fernandinho Beat Box, que sempre colaborou com o z’áfrica. Ao contrário do CD anterior, em que predomina a urgência e a raiva de um discurso acumulado no peito durante os vários anos que separaram o início da carreira e o lançamento oficial do seu trabalho, dessa vez a métrica dos vocais vem trabalhada ao extremo, acompanhada por bases – assinadas pelo Instituto, pelo DJ Periférico, e o próprio grupo, no melhor estilo “tamo tudo junto e misturado” – recheadas com sabores de ragga, blues, música eletrônica… e muita brasilidade. Esse RG tupiniquim, que o ZB busca desde o início (num cenário pré-samba/rap, vale lembrar, quando isso era “sacrilégio”), se manifesta aqui em forma de cultura nordestina e samba. A primeira é uma influência salpicada ao longo do disco e sintetizada na faixa final, “Rei Do Cangaço”. Épico de seis minutos e meio capitaneado por Gaspar, conta a saga de Lampião. A segunda é representada por “O Bom Malandro”, carro-chefe-espontâneo de “Tem Cor Age”. Homenagem ao saudoso Sabotage, a faixa é cantada por um Funk Buia pra lá de inspirado, tem até um sample da voz do próprio (extraído de “Dama Tereza”, pérola do repertório que o Maestro Do Canão gravou com Rica Amabis e Tejo Damasceno), e é a última palavra em termos de samba-rap. E tenho dito. A arte do trabalho, assinada por Rodrigo Bueno, com imagens afro-brasileiras de beleza dura e mística, traduz bem o “imaginário zafricaniano”, na qual predomina o engajamento ferrenho dos guerreiros da favela. Numa época em que a mentalidade materialista e corporativa é predominante no mainstream do rap, só isso já é prova suficiente de que quem “Tem Cor Age”. Mas o Z’África Brasil tem muito mais a oferecer. Sempre atentos ao fato de que se o som é ruim, o palco vira apenas palanque, recheiam sua mensagem com o melhor que a MPB (Música da Periferia Brasileira, que fique claro) tem a oferecer hoje. Rodrigo Brandão (MC do Mamelo Sound System) “Tem Cor Age”, Z’África Brasil (CD, 2006 – YB Music/Instituto/Elemental – Tratore) Preço Sugerido: R$ 25,00
Entrevista com o grupo Z´Africa Brasil que acaba de lançar seu segundo CD “Tem Cor Age”.
Depois do classico “Antigamente quilombos, hoje periferia”, o Z´Africa nos blinda com um trabalho que já tem sucessos como “Eu não vi nada” e outros, vamos então falar com os manos da zona sul de SP, nessa entrevista exclusiva dada ao escritor Alessandro Buzo para o Portal Rap Nacional.
Falem do CD novo e do titulo dele “Tem Cor Age” ?
Salve salve Família, este cd é a continuidade das experiências que acumulamos nos anos que se passaram e as dificuldades naturais que superamos, tivemos a oportunidade de fazer um trabalho mais refinado musicalmente e a satisfação de trabalhar com pessoas que fazem parte da nossa história. É só o começo. Nesta batalha é pra quem tem cor age! Corage de superar os desafios e saber que na vida só se conquista com muita luta, o que importa é a cor e quem tem cor age!
Tudo tem cor!, Até um pingo dagua transparente e insistente, ficar batendo na mais dura das rochas é capaz de fura-la, ate ó transparente tem cor e quem tem cor age! É a ação que dignifica o homen que tem cor ação. Tem cor age e mistura do povo brasileiro na luta pela a igualdade e vida contra o racismo e o preconceito.Tem cor age em pouco do universo do canto falado e da batida quebrada! Nação Negrigena ou BracoÌndiAfroz, é o caldeirão das raças.
Temcorage!
O que mudou de “Antigamente….” pra cá ?
O que mudou foram os acessos, a musicalidade, aprendemos mais técnicas vocais, teve uma evolução poética importante e uma nitidez maior do que cantamos, os equipamentos na qual tivemos contatos, a produção na visão de extrair do nosso canto falado musica de verdade de contexto cultural muito mais elevado e enraizado. Nossa grande dificuldade sempre foi gravar, agora estamos podendo produzir nossos trabalhos e ter mais liberdade de criação e tempo de elaboração, os shows cresceram também, com o dj tano. Hoje temos a banda Instituto que produziu também o cd e já vários shows pelo o mundão a fora, somando com Embolex, que são um coletivo de vjs,que manipulam no telão imagens de acordo com cada musica do zafrica, e a militância do dia a dia.
Porque, ser do movimento Hip Hop é fácil, agora viver a cultura Hip Hop é difícil.
Dizem que fazer um rap, qualquer um é capaz, mas loco mesmo o rap é saber de quem faz! (Z´`Africa Brasil ).Do Antigamente pra cá até o Tem cor age! O que mudou, é que sempre alguém acaba ficando pelo o caminho, mas os que resistem continuam, pois sabem que nossa lua é atemporal.
Fale sobre a homenagem que fizeram na faixa “O bom malandro” ?
Salve, foi um grande mestre na qual podemos conviver e fazer shows juntos, principalmente no auge de sua carreira até o ocorrido, fazer rap no Brasil é viver isso intensamente, a família Instituto que estava produzindo o trabalho do Sabota na época foi um dos principais incentivadoras pra produzir e concluir esta musica, tivemos a participação da família Brooklin Sul , o Beto e o Bocão do Vai Vai, Beto Sorriso do grupo Luance, Paulo Preto e o Zezé do Jardim Leme e cantora Karina que deu um toque especial no Partido Alto. Usamos também uma colagem da voz do Sabotage – Dama Tereza – ( todo bom Malandro vira otário quando ama e todo malandro tem uma Tereza também, Sabotage, Samba da melhor Qualidade. ), feito com muito amor e mantendo a tradição de dar continuidade pelos os que morreram por nóis pra estarmos livres hoje. Como diz o irmão Rappin Hood, Sabotage é o maestro do Canão. Fica então registrado esta eterna homenagem.Bom Malandro.
Quem são as crianças da faixa que dá nome ao disco ?
São as crianças da nossa comunidade aqui na Zona Sul, algumas do Jardim Leme – Taboão da Serra, outras do Jardim Maria Sampaio no Campo Limpo, todo ano fazemos a festa do dia das crianças e esta música simboliza bem o que elas representam na nossa vida. É o que nos faz levantar pra batalhar por dias melhores. Cor Age pra trampar, Cor Age pra criar o filho…Tem Cor Age!. O nome das crianças são. – Beatriz, Natalia, Carol, Fernanda, Gabriela e o Podrinho.
“Eu não vi nada”, “Falei”, já são sucessos em shows, isso ajuda ?
Concerteza sim, todos o grupo sabem da dificuldade de gravar e manter uma seqüência de lançamentos, demoramos muito pra lançar este trabalho que é Independente feito a base da troca no escambo pra poder alcançar a qualidade que queríamos, muitas musicas como estas que foram citadas, já estávamos cantando nos shows e testando com o nosso publico se eram positivas. Isso ajuda a trabalhar e cadenciar as musicas antes de entrar no estúdio, fizemos um vídeo clip da Eu não vi nada que a rapaziada curtiu bastante e a Falei foi pra Original Dança de Rua, pra quem curti o verdadeiro Hip Hop e pras pessoas participarem mais do show, se é pra falar, falei.
De onde vem essa pegada do Z´Africa, essa interação com o tema Africa e Brasil ?
Isso vem de 1995 quando formamos o grupo, Gaspar, Fernandinho Beat Box, Pitcho, na intenção de fazer um RAP Brasileiro voltado a Raiz, absorvendo logicamente as culturas que vinham de fora. Conhecemos um dos nossos grandes mestres, o ZuluZafrica. Que nos mostrou o caminho de como fazer um rap bem feito, falando da nossa realidade mais também como trabalho de pesquisa pra próximas gerações, tivemos ascesso ao Original Funk, ao the one de James Brown, que foi o ponto principal da evolução sonora, somando com a pesquisa da nossa origem Periférica partindo dos Quilombos, o filme “Quilombo” de Cáca Diegues foi importante neste processo, que se comemorava 300 anos da morte de Zumbi dos Palmares, na época em que e o Anhangabaú incendiou cantando…Sou Negrão, hei, sou Negrão, hou). As influencias de cada um do grupo,.O Gaspar vem de família Nordestina, Pontiguar que cresceu no meio da sanfona, ouvindo Baião, Forró, Embolda.O Funk Buia tinha um grupo de samba chamado Vicio Nacional, o Dj tano que é de família de Pernambucanos, aprendeu com o pai a manipular os vinils, os discos de forró que ele tinha ai depois veio a casa do Hip Hop e hoje ele é o tri-Campeão do Hip Hop Dj Feito pelo o mestre KLJay e também somos membros Zulus.O Nosso canto falado Afro Brasileiro Universal é de origem Jamaicana muito mais do que Norte Americana. África Brasil são Irmãos separados entre terras e mares, o Brasil é um dos maiores contingentes de Negros no mundo e é um pedaço de África, Salve. – ZULUZAFRICAZUMBI.
Falem da Ponte Preta do Leme, o que é exatamente ?
A . A . P . P . – Associação Atlética Ponte Preta do Jardim Leme em Taboão da Serra.È o nosso time de futebol junto com À FIRMA. Esporte e Cultura pra comunidade.
E a festa do dia das crianças, vcs colaboram ou organizam ela no Jd Leme ?
Sim, a festa é feita no Jardim Leme, todo ano.Este ano foi o 6 aniversário da Ponte que se comemora no dia das crianças e da nossa Senhora Aparecida, no dia 12 de outubro. A realização fica por conta da À FIRMA, na qual o Z’África faz parte, com o Cooperifa, mais a Sociedade Amigos do Bairro e toda a comunidades que se mobiliza. Este ano a festa teve mais de 10 mil pessoas e tivemos apoio de muita gente que ajudou e fez tudo pra festa acontecer.Valeu! O ano que vem tem mais!
A periferia precisa de ?
Qualidade de vida.!
Cooperifa ?
É o ritual sagrado de quem mora na zona sul, é o lugar exato para expor suas idéias e aprender a cada dia com pessoas diferentes e simples que são iguais a vc. Um lugar onde não tem tempo pra vaidades e sim a responsabilidade com a verdade. Onde a poesia brota de várias formas, ritmos e sentidos, a morada dos poetas da Periferia. Sempre falamos, que o Cooperifa é evolução do Rap na Sul, por nos ter mostrado que a poesia é muito importante antes mesmo do ritmo. E faz com que a Periferia leia mais, com certeza.Obrigado, Sérgio Vaz, Pezão, Rose, e a todos os poetas Cooperiféricos, um beijo no coração, paz.
Premios como Hip Hop Top, Hutúz, como o Z´Africa vê eles ?
O Hutúz é um dos prêmios mais importante do Hip Hop hoje no País, onde temos a oportunidade de encontrar HipHopers do Brasil inteiro e do mundo. Já tivemos a oportunidade de participar e fazer um show, logo no lançamento do cd Antigamente Quilombos, Hoje Periferia, pra família foi histórico. O Hip Hop Top ainda não tivemos a oportunidade mais vai chegar, fé em Deus. Agora estamos preparando um vídeo Clip pra poder concorrer o ano que vem e enviando o novo trabalho tem cor age pra ver se o pessoal gosta. Aqui em Sampa, na antiga o Primo Preto fazia a festa de premiação dos melhores do ano, é importante que isso não pare e que cada ano, cada estado possa estar colaborando com o crescimento da nossa cultura.
Ano que vem é nóis, Tem Cor Age!
Falem da caminhada internacional do grupo, onde o Z´Africa já foi ?
Pode crê, começamos a viajar para o exterior em 1999, quando fomos pra Itália na cidade de Verona, Bologna e mais algumas províncias, na seqüência fomos pra França ai não paramos mais, já voltamos umas 3 vezes, Itália de novo. Fomos bastante também pra Inglaterra, Pais de Gales, na Bretania província da França, Espanha em Barcelona e o Funk Buia também foi pra Índia com o Instituto.Nestas andanças fizemos um cd que se chama, Z´África Brasil – Conceitos de Rua, trabalho feito partindo dos projetos sociais, tipo uma coletânea produzida e cantada com outros grupos de diversas parte da Itália, lançado por um selo Italiano chamado, Vibra Records(99-2000). E para 2007, esta pra vir pelo o selo livinastro do grupo Assassin, o EP – do Grupo Z’ África Brasil – Verdade e Traumatismo, produzido em Paris só com músicas inéditas com produção de Rockin S´Quat. Aguardem.! www.livinastro5000.com
Pretendem fazer clipe de qual musica ?
É, ainda não sabemos. Ta chegando.
Um DVD está nos planos ?
Sim, já estamos trabalhando nisso, o que podemos adiantar é que vai ser um DVD contando um pouco da nossa carreira, os shows e o trampo visual das imagens do Embolex.
Quem são os integrantes do grupos e de onde são ?
O Z´Àfrica Brail é, o Pitcho, mc e produtor, um dos fundadores do grupo. O Funk Buia o homem Ragga no vocal junto com o Mc Gaspar e o Dj Tano. E toda a família que nos cercam e que cada dia cresce e faz as coisas acontecerem. Somos todos da Z/S, Taboão da Serra, Campo Limpo, Diadema. O dj Meio Kilo que ta em Embu das Artes, também continua com suas atividades e somando com a gente sempre assim como o Dj Periférico.
Considerações finais ?
Salve salve toda a grande família, valeu de coração, muita força, axé. Salve pra família Back spin Crew que são nosso irmãos, todo do selo Elemental e do selo Livin Astro, aos irmãos do Instituto e da YB,ao Cooperifa, a todos da À Firma e a Ponte Preta, pra Simone Soul e grande mestre Nelson Triunfo, pra todos que vivem o Hip Hop e pra vc Alessandro Buzzo, que cada vez mais fortifica nossa luta e tem se tornado nosso grande irmão aos anos que vão se acumulando, que continue sempre assim, do bem e sempre disposto pra ajudar e somar com os guerreiros, Parabéns e obrigado. Eternamente família Z´Àfrica Brasil.
www.myspace.com/zafricabrasil
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